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1 de setembro de 2011

Acúmulo de capital


No vídeo acima Steve Jobs, ex-CEO da apple, fala sobre sua estratégia para tomar decisões. Todo dia ao levantar-se, afirma, Jobs olha no espelho e se pergunta: "Se hoje fosse o último dia de minha vida, eu faria o que eu estou planejando fazer hoje?".
  1. Sobre os bens materiais
    A regra de Jobs me levou a refletir não sobre o que fazemos com nossas vidas, mas sobre posses. Há cerca de dois anos eu descobri que viria para Europa. Ganhei uma bolsa de estudos do governo brasileiro. Viajaria em seis meses para o velho continente podendo levar apenas duas malas e uma mochila.

    Instantaneamente, bens materiais passaram a ter outro significado em minha vida. Cada vez que pensava em comprar algo -- mesmo que fosse uma lapiseira -- eu refletia sobre o valor daquele objeto para mim e se eu iria levá-lo comigo para a Europa. Comprava menos e mais racionalmente.

    Igualmente aqui na França, continuo pensando da mesma forma. Porém, todos nós temos nossos momentos impulsivos. Por isso te aconselho, querida leitora, de utilizar uma pequena modificação da pergunta de Jobs na hora de decidir a essencialidade de algo que pensas comprar: "Se eu fosse fazer uma longa viagem amanhã com só uma mala, eu levaria isso que eu estou prestes a comprar?".

    Mesmo se não planejas viajar em um futuro próximo, essa é uma ótima regra da mão direita para decidir o que adicionará valor em tua vida. A vida, podemos dizer, é uma viagem. Estamos aqui, como lembrou Jobs, de maneira temporária. Nós nos apegamos aos bens materiais porque esses nos dão a ilusão de imortalidade, de segurança. Esquece essa ideia de segurança, vive como se a terra fosse explodir amanhã e tu fosses ser enviado em uma pequena nave para um planeta distante.

  2. Objetos e lembranças
    Seguido sempre de um momento feliz em minha vida, vem o medo de esquecê-lo. Quero que aquela felicidade que passou fique guardada dentro de mim e que possa acessá-la sempre que quiser; que aquele sentimento nunca se apague. Por esse motivo, e talvez por alguma predisposição genética, sempre tive a mania de guardar coisas, de guardar mementos na esperança de nunca esquecer de certos momentos.

    A memória, em especial a minha, não é, porém, misericordiosa. Com seu terrível bisturi ela destrói velhas memórias para dar lugar a novas. Momentos maravilhosos que pensávamos que nunca esqueceríamos, desaparecem como a memória de ter fechado a porta a chave hoje de manhã.

    Temos que aceitar a transitoriedade da vida. Momentos bons passam e se apagam, mas dão lugar a outros ainda melhores (ou não).
     
  3. Transtorno Obsessivo-Compulsivo
    Guardar coisas pode ser uma doença. TOC é um transtorno de ansiedade. Dentre as possíveis obsessões a de "armazenar, poupar, guardar coisas inúteis ou economizar" figura como uma das mais comuns. Cuidado. Se na tua casa tem menos espaço para andar do que coisas, ou se tua casa cheira a mofo, então tu podes ter um problema psicológico. Procura um profissional.

  4.  Desprendimento
    A vida é mais curta do que imaginamos. Todos os bens materiais um dia desaparecem (talvez o plástico não...). Assim como nossos corpos vão desaparecer. Guardar velhas cartas, milhões de fotos em um HD, bilhetes de cinema, etc, posto que essencial a curto prazo, as vezes nos impede de avançar em direção a novas experiências. O desprendimento, portanto, é um dos caminhos para a felicidade.
links interessantes:

Um comentário:

  1. Meu querido Leo,

    Muito interessante a sua reflexão. Tanto, que escolherei alguns trechos marcantes apenas para comentar, senão o comment vai ficar enooorme.

    De trás pra frente:

    4. descobri os benefícios do desprendimento com o Feng Shui. Ele diz basicamente a mesma coisa do que você disse aqui. A partir de então me senti muito melhor: mais segura (prender-se a objetos para ter estabilidade emocional não é lá coisa de quem quer seguir em frente!) e com menos tralha ocupando espaço sem mudar absolutamente nada. Ainda não li nada com grande esmero sobre o Feng Shui, mas um livro sobre o assunto já consta na minha prioridade de compras faz tempo. A quem quiser me fazer um agrado, fica a dica! hahaha

    3. Verdade. Como acontece com o pão-durismo, é um tipo de obsessão que empaca as pessoas mais do que elas podem imaginar. Todo final de ano faço uma "faxina" geral nas minhas coisas, trio tudo entre o que eu preciso e o que ficou obsoleto. A regra em geral é: "se não precisei disso nos últimos 6 meses, provavelmente não precisarei nos próximos seis, so OUT!". A regra obviamente tem suas exceções, como documentos importantes (você não vai jogar sua certidão de nascimento no lixo!), mas no que tange roupas ou bens não-duráveis, tá valendo.

    2. Também já tive essa ilusão de que guardar o objeto ajuda a preservar o "momento" fresco. É o que alimenta a cultura de fazer uma cápsula do tempo. Já tive uma. Durou um ano e depois me desfiz. Sinceramente, não vai ser a embalagem do bombom que ela te deu naquela noite ou o bilhete do filme mais foda que você assistiu que vão manter a memória viva. É o momento em si. Guardo mais pelos cheiros, pela hora ou até pela luz do local. No mais, não se preocupe se você esqueceu, Freud explica. Provavelmente o momento deixou de ter uma importância para você.

    1. "Esquece essa ideia de segurança, vive como se a terra fosse explodir amanhã e tu fosses ser enviado em uma pequena nave para um planeta distante".

    Achei curioso e engraçado esse ponto na mesma hora porque acho que se a terra fosse explodir amanhã e todo mundo fosse enviado para um planeta distante no dia seguinte, a primeira coisa que todo mundo iria pensar é "o que vou levar na minha mala?"! kkkkkkkkkkk

    Se um dia acontecer, prometo, vou me recordar do seu bom conselho. ;)

    Beijão!

    Nádia

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