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22 de julho de 2012

Um mundo melhor


Eu sempre tento escrever coisas interessantes, mas hoje eu só quero é desabafar: estou cansado de trocar de roupa. Sério. Todo dia é a mesma coisa, acordo de manhã boto uma calça, um casaco. Chego no trabalho, tiro o casaco. Volto para casa tiro o casaco de novo, troco a calça, tomo banho, e daí tiro toda a roupa, sério, tomar banho necessita que tiremos toda  roupa e depois coloquemos, de preferência, outra roupa. É muita roupa sendo trocada, todos os dias.

Pensa bem, temos sete bilhões de pessoas na Terra, assumindo que na média as pessoas trocam de roupa quatro vezes por dia (alguns não trocam nenhuma vez, outros trocam muito). Isso dá 28 bilhões de trocas de roupa por dia. Se convertêssemos tudo isso em energia, poderíamos iluminar toda uma cidade (pequena). A troca de roupas gerais da população pode ser a causa do derretimento das calotas polares.

Imagina um mundo sem troca de roupas, é fácil se tu tentares. Sem a troca de roupas economizaríamos com o mercado têxtil, que polui nosso rios. Mataríamos menos animais, já que alguns bichinhos são mortos somente para que extraíamos suas peles.

E o tempo? um homem geralmente perde dez minutos por dia trocando de roupa, as mulheres muito mais. Vamos assumir que a média é vinte minutos. isso são cento e quarenta bilhões de minutos por dia.   Isso são vinte cinco vidas humanas Ou seja, desperdiçamos vinte e cinco vidas humanas diariamente trocando de roupas. Essas vinte e cinco pessoas poderiam estar inventando a cura para o câncer ou combatendo o crime.

O mercado da moda acabaria. Nos EUA a média do gasto com roupas é seiscentos dólares por ano em roupas e sapatos. Isso são cento e oitenta trilhões de dólares por ano. Com esse dinheiro poderíamos mandar trezentos e sessenta missões tripuladas para Marte em um ano. Quase uma por dia. 

Resumindo, teríamos um planeta mais limpo e com mais recursos, mais tecnologia, mais tempo para nossa família e nossos filhos, mais renda, menos morte de animais inocentes. O mundo perfeito é a mundo sem troca de roupas, faça sua parte, não troques de roupas.

1 de julho de 2012

Shrek roubou nossa alma


Atualizações de status saltam na minha tela com uma notícia incrível: era do gelo 4 saiu e é imperdível. Ler essa frase faz meu sangue correr mais rápido, aumentando minha temperatura corporal. Sinto-me moralmente ofendido.
Sim, eu odeio animações 3d
"Ah, mas são tão bonitinhos e divertidos, por que esse ódio todo?". Vou te explicar, os filmes 3d estão destruindo o cinema e nossa cultura.

Minha primeira experiência com o gênero foi assistindo a um seriado em 3d chamado reboot. Eu, pobre criança inocente, me deleitava com a nova mídia. Na época, o 3d ainda engatinhava, não tínhamos a avalanche de animações que hoje invadem as férias da criançada. Eu achava surpreendente, mal sabia eu que assistia à semente do apocalipse cultural germinando em minha frente.

Na época, 3d era coisa de criança. Devido às limitações técnicas, as formas eram simples e as texturas eram claramente falsas. Tudo tinha um aspecto infantil, era um mundo de brinquedo. O formato não diferia muito das animações convencionais.

O problema todo começou com o lançamento de Shrek. Agora não tínhamos mais só crianças nos cinemas, começamos a ter alguns adultos (jovens adultos sem filhos). Os autores começaram a colocar piadas de duplo sentido, referências culturais e outros conteúdos que as crianças não entendiam. Pouca gente estava se dando conta das consequências terríveis desse comportamento absurdo.

Agora se tornou corriqueiro, cinemas lotados de adultos, casais, velhos, todos assistindo a uma abelha falante com a voz de um comediante famoso. Onde está o comediante? por que ele não aparece? por que vemos o mundo através duma mentira?

O filme de animação é um porto seguro para os jovens casais. Claro que o Ricardinho prefere levar a namorada para ver "Era do gelo 4" do que levá-la para ver o último drama espanhol. O drama pode levar a discussões indesejadas, a reflexões sobre a vida, sobre seu relacionamento. O drama pode levar à verdade. A animação não, as pessoas entram no cinema, o cérebro fica na bilheteria.

Claro que esses filmes tratam de temas da vida real, eles tem que tratar. Mas é tudo escondido atrás de máscaras, atrás de trinta centímetros de tinta e efeitos de iluminação. É muito fácil ignorar a mensagem, é tudo armado para que tu ignores a mensagem. Idealmente não há mensagem. A abelha come mel e dá uma risada, tu ris junto e a Terra gira. A namorada não briga, o namorado não pensa. Saem juntos de mãos dadas como entraram. Fugiram da realidade, eliminaram a realidade.

Como se não bastasse o efeito alienador de tais filmes, ao qual os filmes de Hollywood estão longe de estarem imunes. Esse tipo de filme está acabando com atores de verdade, com vidas de verdade. Em pouco tempo, não iremos mais querer ir ao cinema para ver pessoas de verdades, rostos como os nossos. Claro que não, quereremos ver abelhas comendo mel e roedores caindo de precipícios. Que chata essa reflexão sobre o efeito da morte de um familiar na vida de um cidadão de classe média! quero ver um urso de saia dançando balé.

O vida não refletida não vale a pena ser vivida, o homem que não reflete é facilmente manipulado. O político que rouba teu dinheiro é de verdade, com voz de humana e intenções obtusas. Não é uma abelha de gravata. Nas próximas eleições não votes no urso bailarino.

É por isso que os filmes 3d me corroem a alma. Eles estão criando uma sociedade de alienados que preferem o urso falante que o áspero calvário da reflexão.