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19 de fevereiro de 2013

Distúrbio Cético


Todo mundo tem que acreditar em alguma coisa.

Ser cético não é normal. Algum pastor psicologo e dono de rede de televisão poderia classificá-lo como um distúrbio comportamental. Ceticismo é marcado por uma marcada condescendência para com leitores de horóscopo, frequentadores de missa e pessoas que adicionam consoantes em seus nomes para equilibrar o profissional e o emocional. Céticos são delirantes, acreditam que somente se as outras pessoas aprendessem um ou outro fato sobre a realidade -- essa tão preciosa realidade --, então todo mundo seria cético. O cético tende a fazer comentários velados, as vezes somente para eles mesmos. Tendem a sorrir afetadamente e a rirem sozinhos.


Tem traços bipolares. Sente-se as vezes superior, que tem todos os mistérios entre o céu e a terra entendidos e as vezes deprimido, com o sentimento que nunca vai entender a humanidade, que está sozinho no mundo. Se sente só mesmo na companhia de outros.


Ao cético falta empatia. Passa noites acordado se perguntando porque alguém dá dez por cento de tudo que tem para uma instituição corrupta. Por que pessoas se mutilam e a outros em nome da algo não razoável. Por que pessoas pagam por frascos de água e álcool sem nenhum traço do antígeno e sem nenhum estudo que comprove sua eficácia.

"Estudos" são o único deus do cético. Começa várias frases com "estudos comprovam". Em geral não compreende a definição de ciência. A bíblia do cético não é canônica, ele guarda na memória o resultado resumido (e mal interpretado) de vários artigos científicos que leu em revistas como Veja, Época, Carta Capital. Nunca leu propriamente os artigos que cita. Compartilha imagens astronômicas do I F*ing love science. Tem decoradas várias piadinhas prontas sobre religião.

E o tratamento? infelizmente a ciência ainda não encontrou a cura para tal distúrbio. Drogas podem atenuar seu efeito: viajar para a Amazônia e ver a Virgem Maria com certeza pode balançar suas convicções. Mais conhecimento também é um tratamento. Quanto mais a gente sabe, mais dúvidas temos, mas incertezas acumulamos.

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