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29 de outubro de 2011

Views of God Part I: Apples and Oranges

Mark Chagall: Backcloth for the Ballet "The Firebird" (1949)


Bob and Alice discuss the tastiest fruit. Bob loves oranges. Alice thinks oranges are horrible. She prefer Apples, she thinks apples are not even to compare with oranges. That is a pretty reasonable argument, but the problem is that Bob is not a great fruit connoisseur, so when he talks about oranges, he is actually thinking about pineapples. In that situation it would be impossible to reach into a consensus. They can argue forever.

The same thing happens when people talk about "god". The concept differs completely for each individual. It can differs to an extent as to make their gods almost opposite things. Even if they agree on some traits, there will always be some differences in each person's view of the superior entity. This is also true among people who share the same religion, or even are part of the same denomination. 

Sacred texts do not generally are consistent or clear about the knowability of God. Christians think that although their god cannot be fully grasped, He can be known at a personal level. The problem is that one can discover that their view of God is in conflict with the church's or their peers' view of the Creator.

People form a different personality for their god according to different experiences and ideas gleaned throughout their lives. People who had good experiences growing up, such as a loving family or good friends, generally believe in a loving God, who rewards good people and who respect the free will of his creations. People who had bigoted or abusing parents would believe a restrict God, who is not tolerant of different points of views, who wants them to enforce their morality on other people.

Sacred texts, by excuse of being poetic or aimed to stimulate more than just reason, are very vague and open to interpretation. This gives the tool necessary for people to create their own god with personalities much similar to theirs. The god in their minds is actually them, with all their prejudices and fears.

This stifles argument, since people are thinking of different things when talking about God. So, in the next part of this series I am going to analyze people's views of God and how they compare to each other and I will find a common ground among all those views.

links:

9 de outubro de 2011

A origem do sofrimento

0. As quatro nobres verdades
Buda, como primeiro ensinamento à seus discípulos, vislumbrou as quatro nobres verdades. Que são, em resumo:
  1. A vida é sofrimento
  2. Todo sofrimento vem do apego
  3. Há uma forma de se livrar do apego
  4. Esse caminho é o nobre caminho óctuplo
Vamos ignorar a quarta, pois é puramente religiosa. Quero que vocês me acompanhem na análise das três primeiras proposições.

1. A vida é sofrimento
Consegues lembrar-te de um só dia em que não sofreste? sofrimento é um dos aspectos que definem a nossa existência. Nossa vida é um grande fluxo de sofrimento pontuado por curtos períodos de felicidade, que são tão momentâneos que deixam dúvida quanto a sua existência.

De um ponto de vista evolutivo, faz sentido que haja mais sofrimento que felicidade. Se a felicidade fosse obtida facilmente e de muitas formas diferentes, os indivíduos teriam pouco incentivo em buscar uma melhora de suas condições. Porém se não existisse nenhuma felicidade, os seres não teriam também nenhum incentivo para viver. Uma vida cheia de sofrimento da qual, com algum esforço, se possa obter essas pequenas pepitas efêmeras de felicidade é prolífera em qualidades que garantem a sobrevivência da espécie.

Milhões de anos de seleção natural geraram o ser humano, a melhor espécie em termos de sofrimento e, não coincidentemente, a campeã na batalha da seleção natural. Somos tão bons em sofrer que sofremos tanto fisicamente, quanto mentalmente. Vê só: somos tão hábeis em sofrer que criamos uma nova categoria de sofrimento.

Todas as grandes conquistas da humanidade podem ser explicadas em termos de tentativas de escapar do sofrimento. O sofrimento de não saber das coisas criou a religião e a ciência. O medo da morte criou a religião e a medicina. Medo também é sofrimento: é sofrimento da perda antecipada.

2. Todo sofrimento vem do apego
A verdade primeira de buda exclui totalmente a felicidade como algo a ser buscado (valor tão impregnado na cultura ocidental). Para ele, a felicidade é a exceção da regra, algo a ser temido. Tudo que a felicidade faz é gerar mais sofrimento. Quando encontramos algo que nos traz felicidade, junto dela vem o medo de perdê-la.

A felicidade é impossível de ser alcançada, seus efeitos colaterais destroem totalmente o seu propósito. É daí que ele obtém a origem do sofrimento: o apego. O desejo incontrolável de manter tudo como está. O medo da perda. A dor física é apego ao corpo, a dor da perda do ente querido vem do apego a esse.

Para Buda, o real alvo a ser buscado é a iluminação e não a felicidade.

3. Existe uma maneira de acabar com o sofrimento
É aqui que começamos a entrar no terreno arenoso na qual a fé se prolifera. O sofrimento, posto que é aspecto tão definidor dos seres vivos, deve ser, segundo Buda, totalmente eliminado. Como uma erva daninha, para eliminar a consequência (o sofrimento) destruímos a raiz (a origem do sofrimento: o apego).

Porém, as coisas não são tão simples quanto parecem nas simples frases enigmáticas do Iluminado (que não foram aqui reproduzidas com exatidão). Eliminar o apego para acabar com o sofrimento é como rapar o cabelo para eliminar a calvície. O ser sem apego não seria humano, a desumanidade é algo a ser buscado?

4. A real lição
O exagero não desqualifica a proposição. Há muita sabedoria escondida nas quatro premissas do Buda. O querer fútil só causa dor. Se tudo que tu queres na vida é comprar um carro do ano ou viajar para a China, então o cumprimento desses sonhos só vai trazer uma felicidade momentânea. Em poucos segundos já te encontrarás querendo outras coisas.

A dita iluminação, que eu chamaria controle sobre o querer, é realmente um valor a ser buscado. Impossível, porém, de ser alcançado com plenitude. Querer é um dos aspectos que nos torna humanos. No entanto, quanto mais controle sobre o querer, mais próximos estaremos da felicidade.

Felicidade que para mim existe. Felicidade é amor, amor que não quer retorno. É sabedoria, sabedoria que quer ser compartilhada. É compaixão, gerada pela pura simpatia.

links interessantes:
 [observação: o motivo principal da minha negação da doutrina budista é a sua natureza não individualista. Para Buda o indivíduo não existe, somos apenas resultado da condicionalidade. O conceito de indivíduo, segundo a doutrina, é vazio de significado. Mas isso é assunto para todo um outro artigo]