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29 de abril de 2011

Jogue fora seus objetivos

Muita gente odeia autoajuda. Eu não. 

Porém, é preciso desenhar uma linha aqui. Com o passar dos anos, devido ao sucesso de livros de autoajuda, muita porcaria foi englobada ao gênero. Misticismo, magia, pseudociência, etc. A causa disso é que autoajuda tem em geral um tom altamente assertivo. Pessoas em geral aceitam -- e inclusive buscam -- esse tipo de tom, mas exigem argumentos, alguma base. Desse vácuo entre intuição/experiência e conhecimento é que tais pseudoargumentos fazem sua morada.

A ciência constantemente é usada como fonte de conhecimento. Mas como a maioria da população é iliterata, fazem mais sucesso obras que se baseiam em mágica ou crenças populares. Por ser tão assertiva, deixa relativistas (que compõe grande parte dos nossos  formadores de opinião) com um pé atrás. Ninguém mais pode ser assertivo atualmente, vivemos no mundo da incerteza. Mas claro, todo bom relativista moderno tem que aceitar qualquer coisa mística. A ciência sofre as críticas mais duras possíveis, mas quando a obra agrega "anjos" ou "energias" dentre as ferramentas de argumentação, os multiculturalistas atestam que temos que aceitar essas formas diferentes de pensar; passando a mãe na cabeça de charlatões.

Autoajuda sofre tanta descriminação porque traz consigo uma grande quantidade de porcaria. Quando se entra  nesse mundo é preciso ter discernimento para separar o joio do trigo. Existe muita coisa boa por aí (tanto baseada em estudos científicos, como em experimentação pessoal). Mas também muita coisa ruim (como já dito, misticismo). As vezes pepitas de sabedoria dentro dos lixos da literatura

Separar é importante, mas ainda mais é saber o limite; até onde aplicar esse conhecimento. A concentração faz o veneno, ou seja, se tu aceitares tudo que lês, com certeza vais ter problemas em tua vida. Esse tipo de literatura eleva demais as nossas expectativas. É muito fácil ler uma obra cheia de frases de efeito e sair achando que pode-se conquistar o mundo; só para dar de cara em uma parede dez metros à frente.

Tendo tudo isso em mente, é possível aproveitar muito desse conhecimento para desenvolvimento pessoal. Uma ótima fonte de conhecimento é a Internet, eu adoro ler blogs como o do Steve Pavlina, do Khatzumoto, entre outros. O que mais me atrai em autoajuda é a quebra de mitos ridículos que permeiam nossa sociedade. Como por exemplo o mito do talento (que é tema para outro artigo). Ainda, esse tipo de texto nos dá motivação, que, as vezes, é só o que precisamos para agir. Esses blogs, porém, mergulham demais em detalhes, tornando difícil a obtenção de uma visão geral sobre o assunto. Todos esses detalhes podem se resumir a uma coisa:

A vida não é sobre fins e sim sobre o percurso 
A vida não tem sentido. Não existe um grande baú de ouro no fim do arco-íris. A vida não tem objetivo porque a vida não é sobre o lugar que vamos, é sobre o percurso que tomamos. Bill Hicks disse como nós temos a incrível habilidade de que o que fazemos importa no fim, que estamos rumando para algum lugar, mas que no fim, a vida é só um percurso e que como tal, o que devemos fazer é aproveitá-la.

Se a vida é só um percurso, faz sentido ter ambições e sonhos? sim. Sonhos nos fazem querer levantar da cama de manhã. Mas não pendure-os na parede. Não saias dizendo a todos os teus amigos a toda hora.

Esqueça objetivos, pense nos meios
Planejar o futuro, criar múltiplos planos e viagens imaginárias, possíveis obras. Tudo isso é muito divertido e todo mundo o faz. O problema é que planejar não nos deixa nem um pouco mais perto de alcançar o objetivo. Planejar demais só nos deixa frustrados.

Vamos tomar perder peso como exemplo. Ficar sonhando como vai ser lindo caber em tal vestido não vai te fazer perder nem doze gramas. A opção é agir, mas mudanças de hábitos são peníveis a fazer. Disciplina é uma coisa que, cada vez mais, não vem do berço.

E que tal se em vez de mudar os hábitos repentinamente, mudar seus gostos. Gostar de comer de forma saudável ao invés de sofrer a cada refeição e dar escapadas nos fins de semana. Gostar de fazer exercícios, ter prazer do início ao fim com a sua prática. Seleciona habilidades importantes para alcançar o objetivo visado e gosta tanto de botá-las em prática que fica difícil não o fazer.

Só faze o que gostas
Parece contraintuitivo. Mas não é. Fazer coisas que tu não gostas só vai te fazer mal. Só vai te fazer desistir dos teus sonhos. É importante sempre se divertir com o que estás fazendo. Por exemplo, se queres aprender inglês. Compra ou baixa livros que te interessam em inglês. Mesmo se forem avançados. No início será um pouco difícil. Mas eu garanto que se o assunto te interessa, as palavras vão fixar muito mais em tua mente. É um fato sobre nosso cérebro, só aprendemos coisas que nos importam.

Eu sei que é muito mais fácil dito que feito. Mas vou re-enfatizar que mudar um hábito é a coisa mais difícil que existe. Para fazê-lo, começa pensando pequeno. Faze uma mudança na sua rotina por quinzena ou por mês. Começa um blog ou compra um diário onde tu podes registrar teu progresso.

Registre o progresso
Quando em busca de um objetivo, é muito fácil esquecer o quanto nós avançamos. A maioria dos objetivos não são dicotômicos. No aprendizado de uma língua por exemplo, não há um momento x onde se passa de uma pessoa que não fala nada para um falante fluente, há todo um contínuo.

Tu que lês hoje um livro de dezenas de páginas com facilidade, um dia sofreu para ler uma história em quadrinhos. É muito fácil esquecer o quanto alcançamos se nos perdermos em pensamentos do que poderíamos ser (se ficarmos presos ao objetivos). Esqueça o quanto falta para alcançar fluência, ou para caber no vestido. Lembre o quantos quilos já perdeste, ou como não sabias nem dizer "bom dia" há alguns meses.

Algo que muitos objetivos têm em comum é que notamos um progresso muito grande no início, mas com o passar do tempo atingimos um plateau, isto é, paramos de notar o progresso, mesmo avançando. Isso é especialmente forte no aprendizado de línguas. Em um ou dois meses de estudo notamos uma grande diferença no conhecimento. Passado um ano, ao começarmos a tentar ler coisas mais avançadas notamos mais e mais buracos em nosso entendimento. Isso leva a uma frustração muito grande. Só podemos ver o quanto falta para saber e não o quanto já avançamos: é por isso que é importante manter um registro de progresso.

Colhendo os frutos
Vai chegar um ponto em que estarás satisfeito com o progresso que fizeste. Agora é importante mostrar-se. Não exibir-se, mas utilizar as habilidades adquiridas constantemente. Aproveitar toda a oportunidade para melhorar ainda mais.O mundo é tua ostra!

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13 de abril de 2011

Sábios discutem ideias, imbecis discutem imbecilidades

Vossa senhoria deve estar se perguntando: não seriam "pessoas" que os imbecis discutem?

Sim. Esta frase está incorreta, mas é para atrair vossa atenção.

E então, você se pergunta: "por que este gajo que escreve quer minha atenção, num mundo onde não há mais atenção ponto de interrogação"


Onde vociferações de cento e quarenta caracteres são a norma, nossa atenção nada vale? ou vale muitíssimo, a ponto de ser sem valor (no sentido de muito valor)?

Pense bem cara amiga: em tempos remotos, como aqueles da idade média, fosse um jovem aristocrata escrever um romance e tivesse esse jovem, ou seu pai, dinheiro suficiente para pagar jovens seminaristas ou diáconos para copiar seu romance milhões de vezes, muitas pessoas o leriam. Ou seja, na antiguidade, qualquer porcaria escrita era assim lida. Isso acontecia devido a uma soma de pobreza de informação e fome por.

Com o passar dos milênios, temos na atual conjectura uma inversão de valores, demonstrada com maestria pelo Twitter. Nele, milhões de formadores --e consumidores-- de opinião se digladiam em pequenos nacos de texto por nossa atenção. Tanta informação, tão pouca atenção. Tanto conhecimento, tão pouco tempo.

Outrora, a fórmula era simples: riqueza significava respeito. E ainda que hoje dinheiro traga fama, com absoluta certeza não faz com que suas opiniões sejam respeitadas.

Por mais de treze meses e dois dias (muito mais -- para falar a verdade) me neguei a consumir o Twitter. "Isso não serve para nada" dizia eu não sabendo quanto valor a rede social nos proporciona. Atualmente, porém, leio-o em diversas situações, durante as quais, de outro modo, não estaria fazendo nada. Assim, me alimento de informação quase que o dia inteiro. Manter ligado o fluxo de informação se tornou quase que uma necessidade básica para mim e milhões de usuários da Internet. Seja informação sobre meus conhecidos, seja informação sobre o mundo. Somos, forçando o termo, viciados em informação. Conheço pessoas que ao ficarem quinze minutos sem Internet, querem pular da janela.

Perdeu-se todo o status quase sagrado dado ao conhecimento na antiguidade. Paradoxalmente, todavia, informação é hoje o bem mais precioso, mais que petróleo, marfim ou trufas. A quantidade de dados circulando todos os dias nas centenas de máquinas que formam a Internet é avassaladora. É quase impossível extrair informações de qualidade desse emaranhado de dígitos e letras.

E essa informação, nos faz mais feliz? ouvimos frequentemente o velho cliché, de que "um povo educado" tomaria "decisões mais acertadas". Isso é, de fato, falso. O raciocínio humano é limitado. Informação demais nos faz tomar decisões piores. Temos que parar de consumir informações como doidos e começar a refletir sobre essa informação. Refletir é viver.

Concluo, não pares de absorver informação. Sê curioso. Mas reserva um tempo para pensar sobre o que ouves. Não aceites tudo mastigado. Pensa. Discorda. Ouça opiniões diferentes da tua. Não filtres nada. Não existe nada melhor no mundo que entendê-lo.

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