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13 de abril de 2011

Sábios discutem ideias, imbecis discutem imbecilidades

Vossa senhoria deve estar se perguntando: não seriam "pessoas" que os imbecis discutem?

Sim. Esta frase está incorreta, mas é para atrair vossa atenção.

E então, você se pergunta: "por que este gajo que escreve quer minha atenção, num mundo onde não há mais atenção ponto de interrogação"


Onde vociferações de cento e quarenta caracteres são a norma, nossa atenção nada vale? ou vale muitíssimo, a ponto de ser sem valor (no sentido de muito valor)?

Pense bem cara amiga: em tempos remotos, como aqueles da idade média, fosse um jovem aristocrata escrever um romance e tivesse esse jovem, ou seu pai, dinheiro suficiente para pagar jovens seminaristas ou diáconos para copiar seu romance milhões de vezes, muitas pessoas o leriam. Ou seja, na antiguidade, qualquer porcaria escrita era assim lida. Isso acontecia devido a uma soma de pobreza de informação e fome por.

Com o passar dos milênios, temos na atual conjectura uma inversão de valores, demonstrada com maestria pelo Twitter. Nele, milhões de formadores --e consumidores-- de opinião se digladiam em pequenos nacos de texto por nossa atenção. Tanta informação, tão pouca atenção. Tanto conhecimento, tão pouco tempo.

Outrora, a fórmula era simples: riqueza significava respeito. E ainda que hoje dinheiro traga fama, com absoluta certeza não faz com que suas opiniões sejam respeitadas.

Por mais de treze meses e dois dias (muito mais -- para falar a verdade) me neguei a consumir o Twitter. "Isso não serve para nada" dizia eu não sabendo quanto valor a rede social nos proporciona. Atualmente, porém, leio-o em diversas situações, durante as quais, de outro modo, não estaria fazendo nada. Assim, me alimento de informação quase que o dia inteiro. Manter ligado o fluxo de informação se tornou quase que uma necessidade básica para mim e milhões de usuários da Internet. Seja informação sobre meus conhecidos, seja informação sobre o mundo. Somos, forçando o termo, viciados em informação. Conheço pessoas que ao ficarem quinze minutos sem Internet, querem pular da janela.

Perdeu-se todo o status quase sagrado dado ao conhecimento na antiguidade. Paradoxalmente, todavia, informação é hoje o bem mais precioso, mais que petróleo, marfim ou trufas. A quantidade de dados circulando todos os dias nas centenas de máquinas que formam a Internet é avassaladora. É quase impossível extrair informações de qualidade desse emaranhado de dígitos e letras.

E essa informação, nos faz mais feliz? ouvimos frequentemente o velho cliché, de que "um povo educado" tomaria "decisões mais acertadas". Isso é, de fato, falso. O raciocínio humano é limitado. Informação demais nos faz tomar decisões piores. Temos que parar de consumir informações como doidos e começar a refletir sobre essa informação. Refletir é viver.

Concluo, não pares de absorver informação. Sê curioso. Mas reserva um tempo para pensar sobre o que ouves. Não aceites tudo mastigado. Pensa. Discorda. Ouça opiniões diferentes da tua. Não filtres nada. Não existe nada melhor no mundo que entendê-lo.

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3 comentários:

  1. Não sabia que tinha tão talentoso escritor entre meus mais caros amigos! A reflexão é sempre mais prazerosa quando acompanhada de belas palavras.

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  2. ...até porque informação são apenas dados, quem da um sentido a ela é quem a interpreta...

    p.s: e quem discute "playa" e "praia" é o que?

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