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11 de fevereiro de 2015

Amor, Sexo e Arte.



Em um episódio de "O Fantástico Mundo de Bob", Bob não sabe se o que sente é amor ou são gases. A lição importante do desenho é que o amor é algo individual e fenomenal. É um sentimento. Não há como saber se todas as pessoas que já amaram sentiram a mesma coisa. Nem tão pouco se o conceito "amor" desaparecesse, as próximas gerações iriam recriá-lo.

O sexo, diferente do amor, pode ser verificado. Ainda que a definição e as práticas mudem ligeiramente através das gerações, é possível delinear as fronteiras do que é e o que não é sexo. Portanto o sexo é algo de concreto, de real. Existem estudos científicos ligando certas repostas químicas às pessoas que se dizem apaixonadas. A falha está no "se dizem apaixonadas". Bob pensava amar, na verdade tinha gases.

Ninguém nunca presenciou de fato o amor. Enquanto que o sexo sim já foi presenciado. Aliás, as vezes quando presenciado gera desconforto, separação ou até morte. Alguns dizem que o sexo é evidência do amor. Sexo é tão evidência do amor quando da existência de anjos da guarda.

O maior problema do amor é a sua centralidade na Experiência Humana. O Amor hoje significa tanta coisa, que não significa mais nada. Situação similar ao ocorrido com a Arte. Para os gregos antigos a arte tinha função puramente estética. Na idade média, a arte se tornou uma forma de se ligar com o divino. Na idade moderna se tornou sinal de status. E lentamente na idade contemporânea, se tornou uma forma de expressão, de transcendência da realidade objetiva. Duchamp, em 1917, submeteu um mictório ao salão de arte. Agora um objeto quotidiano era arte. Agora tudo era arte. Arte performática, arte de rua, arquitetura, programação, generativa, experimental.

O que separava o mictório de Duchamp dos milhares que decoram nossos banheiros? contexto. Da mesma forma o sexo, que é quotidiano, contextualmente se transfigura em amor. Mas assim como alguns não classificam os mictórios, ou arte performática, como arte. Alguns podem dizer que amor e sexo estão sempre fundamentalmente separados, enquanto outros dizem que alguns mictórios são arte e outros não.

O sexo é um ato físico, necessário de certa forma ao bom funcionamento de um ser humano. Da mesma forma o mictório serve a uma necessidade fisiológica.

Talvez não exista amor, nem arte, mas sexo.

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